O Saci



Hoje também é dia do Saci. No folclore brasileiro.
Onde nasci, havia um velho cesteiro andante que fazia cestaria de bambu, vime, palha. O nome dele era Gardino. Um preto-velho que fumava cachimbo.

Na época certa ele visitava a comunidade e passava uma temporada de casa em casa fazendo as cestas que a família precisava. Cestos para o milho, o trigo, a uva. Usava bambu, vime e palha de milho. Colhia, tratava, tecia e secava.

No meio da tarde minha mãe costumava mandar até onde ele trabalhava para levar um lanche. Foi nessas tardes que ele me apresentou o Saci, explicou a necessidade de levar um pedacinho de fumo de rolo quando andava sozinha, falou das coisas do bambuzal.

Anos depois conheci Monteiro Lobato.

Talvez tenha sido ele, o Velho Gardino, a plantar em mim a semente da consciência da injustiça. Essa coisa que não nasce com a gente, mas se for semeada cresce como o bambu, paciente e quase invisível acima da terra, mas com raízes profundas e poderosas.

Sobre o crescimento do bambu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bambu-chin%C3%AAs

Comentários

Postagens mais visitadas