Tórridos romances

Margens do Rio da Prata
Colonia de Sacramento - Uruguai

Da coleção histórias sórdidas da minha prima...

Eis que minha prima vivia, feliz, um tórrido romance com um personagem rodriguiano de estado civil indefinido.

Num belo dia de verão, o personagem sumiu no mundo sem muitas satisfações. Ela esperou uma ligação, flores, convite para uma ópera em Paris, ingressos para o Mineirão... Nada.

Em outro belo dia de verão - talvez já fosse inverno -, a ligação. Do outro lado apresentou-se educada senhora como sendo a esposa do incauto, o de estado civil indefinido. Pretendia atualizar a prima, a minha prima, dos fatos. Atualizou.

Ela mesma, a educada senhora, vivia um tórrido romance com um fulano - esse de estado civil bem definido - que vivia, por sua vez, um tórrido romance com outra senhora não tão educada, sua esposa.

O nosso personagem, o rodriguiano - isso também contou a educada senhora - vivia tórrido romance com uma simpática moça. A simpática moça, deduziu a educada senhora, vivia seu próprio tórrido romance não sabemos bem com quem.

Também não se tem notícias dos romances da não tão educada.

(Está certa a juíza pernambucana que garantiu pensão a uma viúva lésbica. Nosso Código Civil, definitivamente, não alcança a complexidade dos relacionamentos humanos.)

Conclusão filosófica: a vida não anda em círculos, anda em linha. E o primeiro da fila sempre se dá mal...

Mas isso sabe Joana desde os tempos em que os primos brincavam de roda. Só esqueceu de contar à prima.